Dizem que recordar é viver.

 Pessoas têm seus momentos de volta ao passado, e, lembrar fatos interessantes merecedores de serem relatados para  amigos.

 Pensemos ser isso quase um desabafo.

A professora  Anna que  lecionou  por anos em cidades do interior, ao retornar à cidade natal, encontrou diferenças na postura do pessoal das escolas.

De modo geral, no interior a cobrança é maior por parte da população que cobra atitudes, por estar no dia-a-dia envolvida com os problemas da comunidade. A grande maioria  conhece um e outro, há vínculos  de amizades e parentesco.

Dentre os vários álbuns de fotografias, um chamou sua atenção, por ali estarem imagens de crianças, adolescentes e adultos das escolas em que trabalhou, outras de colegas, companheiros de longas jornadas no magistério.

Relembrou aqueles alunos espirituosos, engraçados até.

A comicidade é difícil entendermos num adolescente, principalmente entre professores que consideram essa forma de expressão em sala de aula, algo ligada á falta de educação, ignorando assim o potencial dos educandos.

Procurou analisar as técnicas didáticas usadas nas disciplinas, mesmo as não ligadas à gramática e linguística, pois os levavam a escrever, dizendo aquilo que ela gostaria ter dito, enquanto estudante.

Considerados rebeldes ou desajustados eram todos aqueles que ousassem escrever ou pensar diferentemente do que lhes foi repassado ou contivesse em livros. Aliás isso ocorre ainda nos dias atuais.

Veio-lhe à mente um episódio ocorrido no curso de Direito, onde um professor nada polido e com tendências subversivas, iniciou um processo de perseguição velada, apenas porque num debate que envolvia regimes políticos, citou o fato de um presidente do país ter esboçado um movimento para captação de ouro, para diminuir a crise financeira em que o pais estava mergulhado.

Friamente, aquele que deveria deixar alunos livres para o uso da palavra, ferramenta necessária para o exercício do advogado, simplesmente abusou no palavreado, colocando-se na posição incômoda do... sou o professor aqui e portanto... mando... sei tudo  e disse-lhe... VOCÊ ESTÁ MENTINDO!

O fato causou certo desconforto, uma vez que colegas que ali se encontravam, buscavam no Direito uma forma de sucesso, onde a profissão de advogado lhes abririam caminhos para a verdade e a justiça.

Não ter conhecimento do fato por ela narrado em nada desmerece alguém. Afinal, nosso povo quando solicitado, responde afirmativamente a um chamamento, e Anna viu sua mãe e familiares colocarem jóias para a doação.

Dias depois, prova marcada, o professor sabe-tudo distribui as folhas para testar conhecimentos dos universitários, assuntos ligados ao regime Feudal e Revolução Industrial com enfoque no Direito.

Anna dominava o assunto porque lecionara História e Geografia em curso de segundo grau, onde o tema  era pesquisado e discutido.

Assim que completou o teste, aproxima-se o Mestre e entrega-lhe mais um material, tendo ato semelhante com um rapaz que  usava da cola como ferramenta no momento. Anna fica atônita pois não compreende tal atitude... afinal ela demonstrava conhecer o assunto escrevendo rapidamente, além de ver outros colegas adeptos da cola fazerem uso do recurso e a eles não foi dada a duplicidade de material.

O segundo teste era semelhante ao primeiro, mudando apenas o enfoque do titulo. Como diz a Anna Carolina em sua canção, só pra sacanear, Anna em 8 páginas inteiras escreveu assuntos pertinentes do teste, complementando com conteúdos não trabalhados em classe mas de suma importância para entendimento daquele período da História Universal.

 Quando todos os colegas deixaram a sala de aula, Anna dirigiu-se ao professor-punidor e controlando a emoção, disse-lhe... não esperava essa atitude de um professor universitário, isso causou-me grande decepção, porque desde a infância desejei cursar Direito, mas a vida ligou-me a outros caminhos que sei, soube trilhar com toda dignidade e amor... o caminho do ensinar!

Somente agora realizo o sonho de cursar uma Faculdade que me daria a oportunidade de praticar a Justiça... seu ato considero pequeno demais para ficar discutindo, uma vez que não está preparado para o Magistério, o cargo deveria ser oferecido a um catedrático com vasta experiência nas causas jurídicas e o vejo tão jovem e ainda pobre nas atitudes.

Anna repetiu a frase que sempre ouvira dos pais... os incomodados mudam-se... assim pensado completou ter certeza de agir com a razão e ter conhecimentos da vida política nacional e despedindo-se afirmou não necessitar beijar as mãos de ninguém para vencer numa profissão, uma vez que fora sobejamente premiada por ter sido uma simples professorinha... com grande senso de justiça!!!

Disse saber que ele vai aos estádios de futebol com amigos, atirando papelotes em outros, portanto terá muito a ralar para se tornar  realmente um catedrático e cidadão consciente do seu mister.

Anna revela que em outros tempos talvez não reagisse ante atitudes dessa natureza, mas hoje conscientemente não se calaria ante uma injustiça.

Ressalta que na sua vida estudantil teve verdadeiros mestres com os quais ainda mantém vínculos de amizade pela internet e pessoalmente. Sente grande prazer em dizer... esse foi meu grande professor, com ele muito aprendi!

Ser professor não é apenas titulação... e antes de tudo fazer da profissão... um... sacerdócio!

 

 

 

 


 


 

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Fale com a autora:  lyzcorrea@hotmail.com


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