Tenho saudades dos meus tempos da infância querida, junto aos meus pais, irmã,
primas e demais parentes, que moravam próximos a nós.
Tenho saudades da minha escola no centro de Curitiba, pertinho da Praça
Zacarias, na rua Emiliano Perneta, o Instituto de Educação0 do Paraná.
Tenho saudades dos professores e das colegas que juntas, diariamente, íamos a
pé, sem utilizar transporte público, pois achávamos mais rápido assim do que
esperar o ônibus ou bonde, além do que, guardávamos o dinheiro da passagem para
uso pessoal.
Bondes antigos
Tenho saudades das casas bem cuidadas das ruas por onde passávamos, com jardins
floridos, cães latindo nos portões, gatos encima dos muros e passarinhos no
arvoredo.
Tenho saudades dos dois quartéis que ficavam no trajeto, pois sendo em frente as
Praças Rui Barbosa e Osvaldo Cruz, os pracinhas estavam em seus treinamento
diários, ou com seus instrumentos marchavam perfilados perante nossa Bandeira
Nacional!
Antigo
Palácio do Governo,
Tenho saudades do antigo Palácio do Governo, hoje, sede do Museu Paranaense, na
Praça JoÃo Cândido, onde também estão as ruinas do São Francisco, um resquício
do que seria uma igreja com o nome desse santo e que não foi concluída. Toda em
pedras, foi uma parte demolida, mas os funcionários do desmonte, deram com um
amontoado de moedas antigas, meu pai tinha umas 6 dessas, que mandei fazer
chaveiros O meu alguém roubou do carro... e fiquei muito aborrecida pois era de
grande valor histórico e pessoal para mim.
Tenho saudades dos bailes realizados nas sociedades Concórdia, Curitibano e
Thalia, geralmente com orquestras de renome, que vinham abrilhantar esses
bailes, geralmente dos formandos em Medicina, Direito, Engenharia e outros.
Tenho saudades dos domingos, quando íamos ao Passeio Público ver as aves, cobras
e animais ali instalados, e que medo do leão, tigre e onças.
Desfile escolar
Tenho saudades das datas cívicas, onde eram os desfiles o ponto alto, quando nós
estudantes, desfilávamos garbosamente pelas ruas principais da cidade, e
orgulhosamente carregando nossa bandeira nacional, estadual, ou municipal,
parávamos frente ao palanque das autoridades, que nos aplaudiam.
Tenho saudades do meu cão Totó e até de um carneiro, que um amigo do meu pai,
juiz no interior, ganhou de presente e não tinha onde cuidar do bichinho...
Assim, ficou lá em casa por quase um ano, entrava na cozinha para pedir pão de
forno que minha mãe fazia tal um bolo de tão fofo e macio. E que choradeira o
dia em que o juiz mandou um açougueiro matar o carneiro para fazer uma
churrascada! Eu e minha mana choramos tanto que o dito carneiro não morria, e
quem de casa conseguiu comer sua carne? Ninguém!!! Só os convidados do Doutor!
Tenho saudades das aulas de piano com a professora Laís Groff e, depois, na
academia do professor Melillo, onde hoje está a Biblioteca Pública do Paraná.
Tenho saudades das nossas idas aos domingos nas proximidades da cidade catar
pinhões, milho verde, fazer uma carninha assada ou a famosa galinha com farofa.
Pinhões
Tenho saudades de ouvir os fiu... fius... dos rapazes quando passávamos e
cantavam... essa linda normalista, rapidamente conquista o meu jovem coração...
etc. etc.
Tenho saudades dos tempos quando se namorava primeiro até o portão, depois de
uns meses o rapaz entrava em casa e já o pai perguntava quais eram suas
intenções rsssss, o interessado corava, suava, mas, respeitava. Pegar nas mãos
só depois de alguns meses e beijar era roubado... ahahaha... quanta ingenuidade
e beleza no agir.
Tenho saudades dos preparativos para o casamento, que eram bonitos, mas simples.
As igrejas ornamentadas com poucas flores e um tapete para a noiva pisar,
acompanhada por seu pai até “o altar”, onde nervoso, o noivo esperava de terno e
gravata com seus pais e padrinhos.
Tenho saudades dos dias que morei com minha sogra querida dona Elvira de Castro,
mais que uma mãe ela foi para mim... Muito aprendi com ela. Por exemplo eu não
sabia cortar um frango em pedaços para um refogado e ela ensinou-me observar as
juntas da ave.
Tenho saudades da meninice das minhas filhas Joseli Maria e Marisia Maria,
pessoas tão especiais para mim.
Tenho saudades dos tempos da idade de adulta, quando com meu marido,
compartilhávamos tudo, até no campo profissional.
Catando corruptos
Tenho saudades dos dias passados na praia de Guaratuba e Itapoá, nesta última
local das pescarias à beira mar com Sr. Dino e Dona Yone, além dos genros Sérgio
e Flávio, onde catávamos os corruptos debaixo da areia para iscas... quanta
risada ao perder um danadinho!
Tenho saudades das reuniões quando estávamos no litoral, nas férias dos netos.
Alunos em sala de aula
Tenho saudades do meu trabalho nas escolas onde desempenhei funções, no
Departamento de Educação Especial, onde avaliava alunos encaminhadas com
distúrbios de aprendizagem ou conduta e os acompanhava em seu desenvolvimento
nos locais por nós indicados para atendê-los.
Tenho saudades das universidades onde estudei e de alguns colegas que marcaram
esse período.
A autora e seu marido Bittencourt
Tenho saudades do meu marido que cedo deixou esse mundo, mas creio, passou até
sua eterna morada por jardins floridos e, aveludadas campinas, tendo como
companheiro um firmamento azul apontando para a aurora e, se houve noite, ela
estava enluarada e repleta de encantos, com escritos dourados dizendo: José, não
sinta revolta pelo que aconteceu com você, mas revista-se das esperanças, ame
essa nova forma de viver, porque não se deve temer a morte, mas, abraçar essa
nova vida nesse mundo imenso e novo onde cabem todas as esperanças!!!
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