A mudança de
residência em Curitiba, da Rua Emilio de Menezes, para outra chamada Antonio C. de
Bittencourt, mexeu demais com meu emocional.
Sinto falta da
claridade onde os 45 metros frontais da antiga morada, proporcionavam-me alegria
até o anoitecer.
Bandos de
periquitos, muitos sabiás, pintassilgos e pombinhas, ali ficavam a sobrevoar.
As pessoas que
passavam apressadas para o trabalho, com aquele gostoso som do... bom dia... boa
tarde... boa noite, era um conforto à minha forma de viver só, desde o
falecimento do José.
As demais, nas
caminhadas com seus bichinhos de estimação ou para seguir ordens médicas, sempre
paravam para aquele papinho gostoso, versando sobre o bairro, seus problemas, a
política atual, filhos e demais assuntos pertinentes.
O comércio
fluente e variado das ruas adjacentes, satisfaziam nossas necessidades,
abstendo-nos de usar o veículo motorizado para o deslocamento a outros centros
fornecedores.
O bairro com
toda certeza, favorece em muito para a pureza do ar.
Nele há vários
recantos lindíssimos de preservação ambiental, tais como Bosque do Papa,
Universidade do Meio Ambiente, Parque Tingui e o Tanguá, Pedreira Paulo
Leminski, Ópera de Arame, Bosque Alemão, onde um grande amigo de São Paulo
esteve nos visitando e depois lá, saboreou um pastel cozido, típico da cozinha
alemã.
Foi também
interessante levá-lo até o Museu do Automóvel, pois estão modelos expostos que
são raríssimos e é sempre gratificante voltarmos ao passado, verificando que a
indústria automobilística, mesmo que esmerando na tecnologia e modernização dos
estilos, ainda não se compara aos modelitos dos antigos!
Para mim eles
são... imbatíveis.
Meu pai tinha
um fordequinho 36, gracinha! Até fiz um poema sobre ele que consta do meu livro
Gorjeios de Uma Gralha Azul.
No bairro onde
atualmente resido, também tem um Parque lindo com lago, chamado São Lourenço...
Agora, devo
confessar que minhas saudades estão presas e com elos fortes à corrente do
amor... aos meus passarinhos que freqüentavam as árvores próximas da janela,
onde no computador, escrevia poemas, contos e as discutidas críticas, a todos os
políticos do meu país... ahahah!
De lá saí...
mas não esqueço jamais seus vôos rasantes e até para dentro da janela aberta,
onde sempre me encontrava. Que cena gratificante e bela... os via na altura dos
meus olhares! Encontrava também... os seus... olhares!
Como reproduzir
em poemas e versos, esse maravilhoso mundo das aves do meu jardim? Como
descrever as proezas do irrequieto colibri sempre saltitando de flor em flor?
Qual pássaro ousava dele se aproximar?
Na movimentação
frenética das asas, uma pequenina nuvem esbranquiçada parecia envolvê-lo... que
lindo era o meu colibri!!!
Dois dias
seguidos, estive por horas na casa onde fui tão feliz, abri as janelas do loft,
debrucei-me e esperei... nenhum sinal dos meus inesquecíveis amores.
No arvoredo,
apenas uma ou outra ave, procurando alimentar os filhotes em seus ninhos. Muita
lágrima ousei rolar pela face...
Agora... numa
profunda reflexão, indago... para eles... seria eu uma... colibri? |