Dançam no firmamento flutuações de esperanças nos dias em que auroras surgem das
alturas e o homem queda-se em recordações.
Não é possível que esqueçamos tantos e tantos momentos vividos junto aos
familiares e amigos, não é possível que esqueçamos nossos primeiros dias de
bancos escolares, dos coleguinhas, das mestras tão especiais, dos livros e
cadernos onde escrevíamos com letras ainda incertas.
Quando hoje contemplo o espaço ao meu redor, se é dia, agradeço poder ver tantos
prodígios da natureza e se é noite, como ela é linda... linda!
Com o pretexto de ver as estrelas, lá no alto estão o Cruzeiro do Sul, as Irmãs
Gêmeas e todos os astros que surgem com os albores do entardecer.
Dias e dias sucedem-se em alternâncias de alegrias ao ver as crianças correndo
alegres pelas calçadas e de tristezas ao lembrar dos entes que se foram... Meu
pai amado, minha mãe lutadora e querida, meu marido dedicado a mim e às filhas.
Pensar nas múltiplas vidas que tivemos de enfrentar nos mais distantes locais
que a profissão indicava, sem reclamar se era longe ou perto.
Nada regressará
jamais, mas ficaram comportamentos adquiridos pela experiência, que dizemos ser
sabedoria dos que passaram pelas agruras encontradas pelos caminhos e souberam
ultrapassá-las sem que as quedas não fossem bálsamo benfazejo do aprimoramento
moral, intelectual, e espiritual.
Contemplar, ah! contemplar a vida que passou, trajetórias que divisavam à frente
aqueles horizontes novos com a certeza de que as perspectivas mesmo que galgando
no desconhecido, acelerava uma caminhada que ao ser iniciada jamais cansaria!
Ninguém se detém para ver a caravana passar, porque entre a Terra e o céu há
alianças que desconhecemos, são o despontar daquelas alvoradas límpidas porque
temos a certeza que lá bem ao final da reta, ainda veremos milhões de estrelas
que prateiam os ares e os campos florais das campinas verdejantes.
Como não chorar quando das recordações?
Como não lembrar das carícias suaves que embalavam nossos dias.
Como não chorar ao lembrar das pedras nos caminhos e o ultrapassar por elas como
se a caminhada fosse suave como o ruído das cascatas e no ar houvesse perfume
das florinhas silvestres, o verde das florestas e que tudo ali estava para
ornamentar as nossas vidas e fazer bater mais forte o coração pelas emoções...
Como não lembrar de tudo e não chorar ou calar, ante as doçuras e encantamentos
vividos, por mais profundas que sejam as recordações, confiamos que as
esperanças como um precioso legado foram como bênçãos sublimes.
Como não chorar se na espera que lágrimas cessem, como após a tempestade vem a
bonança, elas são o significado que lá no alto, arqueado está o céu
infinitamente azul e milhões de nuvenzinhas num doce bailar, unem-se e
separam-se não medrosas nem arredias, mas esperançosas que vagarão pelo infinito
sempre acompanhadas pela luz do Sol ou pelo brilho das estrelas!