Na tranqüilidade de um belo dia, onde o amanhecer indicava que fatos
importantes iriam acontecer, os dramas do passado ficaram para trás,
surgindo um alvorecer de esperanças, no cumprimento que o Senhor
deixou legado que ao homem seria dado uma companheira, recheada de
candura e de amor.
Na infinita capacidade do coração abrigar emoções tão ricas,
companheiras de todos aqueles que sabem o que a palavra amor quer
dizer.
No afeto profundo, no afago das mãos dos apaixonados, que dizer dos
momentos de ternura, onde os olhares cruzam-se e a boca se cala.
Na tranqüilidade e serenidade de quem sabe amar, promessas sinceras
explodem como as lavras dos vulcões que esparramam fogo e cinzas
pelos vales, cobrindo serras e montanhas, florestas e campos, numa
torrente tão quente, que queima a alma, ferve e cinge de ocre as
faces dos apaixonados.
Na angústia do perder um enigma, o que fazer?
Catam-se todos os fragmentos esparramados pelo corpo e juntam-se
numa dor profunda, até irreal, dramatizante de uma vida que tudo
tinha para dar certo.
Edificados como na areia, os destinos de duas pessoas unida das na
alegria e felicidade, desmorona e tomba como numa marcha sem fim,
num itinerário sem volta e bem ao longe escrito estão os desígnios
que o corpo se vai, mas, o espírito permanece vivo na lembrança e na
saudade dos que ficam.
Como numa miragem estonteante, luzes das lâmpadas acendem-se ante
nosso olhar e lá bem no alto, aquela estrela do firmamento brilha
intensamente ofuscando outros brilhos, outras luzes.
Balança coração no seu palpitar as tristezas, traga apenas as
saudades que adormecem, veja aquele amor tão sentido, agora
pulverizar-se como pequeninos raios de luz, emergindo em nossa
frente como a dizer... acorda amor... aqui estou... e como que num
encantamento, a saudade tão fortemente incrustada nas paredes da
lembrança, vão dissolvendo-se, ressurgindo em emoções mais puras e
vibrantes que um coração pode abrigar.
Assim, como o pinheiro recoberto pela neve no inverno abriga os
pássaros, agora sem um ninho, acorde, adorne com as flores mais
belas, perfumadas, coloridas e pequeninas o altar e docemente ouça a
oração.
Não calem seus cantos aves dos céus, não emudeçam ventos e brisas,
não sufoquem soluços na garganta, porque palpitam vidas nos sorrisos
das crianças, na doçura dos aromas e perfumes, no orvalho debruçado
nas pétalas de flores, na poeira dos astros e estrelas.
Tudo transforma-se num sublime hino, o hino do amor que nasce nos
corações, nos momentos em que o Universo dança no espaço infinito e
glorifica o livre arbítrio do homem em saber amar e ter saudades,
escrito no mais completo compêndio de vida.
Partir, é deixar como o marinheiro o porto seguro, e enfrentar o
desconhecido numa embarcação cujo destino é aquém de todos os mares.
Ficar, é como o tripulante que sem o timão do navio não sabe que
rumo tomar, nem os mares bravios e as vagas sem fim que irá
navegar!
Você Miguel, a quem
Maria Helena muito amou,
entrega-lhe essa declaração de amor
com um ramalhete de rosas,
para que o deite na relva do mundo espiritual,
sentindo perfumes pois o colocou,
em cada botão de flor! |