Lembram do passarinho que ficou dias no meu quintal, à espera de poder voar até o céu, seu lugar?

Numa manhã não mais o encontrei. Ele se fora.

Mas não deixei de vasculhar as imediações de onde ficava e eis que o vejo por aqui.

Está mais robusto, seu rabinho ainda cresce, está emoldurado por penas acinzentadas.

Não sei qual trajeto está fazendo, mas o acesso ao meu quintal ele não esqueceu.

O interessante que a Laika, vai o tempo todo até o gramado e fareja o ar, olha pra laranjeira e saltita. Eu creio ela o vê por entre os galhos mas eu não.

Nos ligamos a uma flor, um colorido, uma melodia, um bichinho de estimação e até para aqueles que sabemos nunca ficarão conosco.

Isso não é exclusivo do homem porque a minha cachorrinha sente falta da ave que ficou por aqui, pela sua atitude, em ir a todo instante para o pomar.

Mesmo que ele trilhe pelas encruzilhadas dos céus, sei que tomou o seu caminho porque o infinito é muito melhor que a terra para ele.

Ao pensar na sua partida, já sinto certa amargura e saudade da separação e da ausência.

E, nessa incerteza e nas dúvidas, contemplo a decantada sabedoria ou instinto dos animais, porque em muito são superiores a nós, isso fica evidente, e infalivelmente, nos arrastamos ao mundo dos mistérios.

Aleluia! Aleluia!

Alguém que nas tranqüilidade das manhãs de Sol ou nas trevas da noite, na cristalização das estrelas, deixa num simples galho do arvoredo o abrigo para as criaturas que refletem nos cantos canoros toda a beleza que é a natureza dá ao nosso viver.

Pelos séculos que hão de vir, que possam os homens e os animais viverem em harmonia, guardando as glórias do saber conviver para as aleluias dos corações.

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