Certo dia lendo poesias, deparei-me com uma citação interessante onde o autor descrevia o que é ser poeta.

Para ele, poeta seria como um brilhante planeta, enorme, perambulando numa galáxia chamada “Dos Sonhos“, calmo por instantes, porém, de uma inquietude imensa.

Citou ainda que o poeta não é moldado como se faz com o tijolo na argila mole, mas finca-se no imaginário, e, isso não o sufoca, mas expande como os clarões do Sol.

Se nos seres comuns ou do cotidiano, a intuição passa até despercebida, para o poeta, essa característica é em acomodar-se direto nos corações.

Ao apanhar um lápis, uma caneta, um aparelho para algo escrever, primeiramente ele coloca as mãos na altura do coração, depois olha para o infinito que ao longe perde-se ao seu olhar e, intuitivamente, vai descrevendo o que seu imaginário lhe diz.

 Ali, como num passe de mágica, os arroubos poéticos pipoqueiam para todos os lados em matizes coloridos tal qual sua aura multicolorida e as interpretações que faz de cada cena, em cada palavra, são como caramelos adocicados flutuando... flutuando.

Nunca nada afirma, mas indaga, desconfia, investiga, supõe e a normalidade exigida pelas convenções manda para o espaço.

O poeta tem na alma a essência da pureza, da meiguice. Se em momentos é um riacho de águas cristalinas deslizando suavemente, em segundos explode tal vulcão, demolidor, irreverente e sai em busca da liberdade do dizer, do pensar, do respirar de peito aberto.

Não é maior nem melhor que ninguém, mas, paralelamente, ninguém é maior ou melhor que ele.

Ao colocar palavras no papel e ali formar uma estrofe, completar em uma poesia, está representando o espírito da espontaneidade, é como dizemos o óculos imenso do mundo e tudo que existe é paralelo a sentimentos e emoções.

Ouvi alguém dizer que “poetar” é ter a sensação de ritimizar as sensações...

Quando numa poesia o poeta usa a linguagem com significação foi a forma mais precisa que utilizou e não é de admirar que nas idiossincrasias permeiam as percepções.

Ao recordarmos o que certos escritores disseram, vemos que tanto seus amigos ou inimigos, sabiam dizer o que pensavam sobre suas épocas e modos de vida, deixando riquezas nas folhas de papel, liberaram o inconsciente, a verdade.

Numa evolução pelo decorrer dos tempos, a poesia e os poetas foram surgindo e de forma quase que silenciosa ou em forma revolucionária expandindo-se por todo o mundo, levando a tiracolo outras formas de expressão e de arte.

Se não coube à poesia alterar a vida dos cidadãos ou das sociedades coube a ela dar o sopro inicial para que surgissem novos ideais, novas formas de pensar, de agir, de atuar, de comandar.

Em algumas fases ou períodos a poesia foi considerada perigosa, contrária aos padrões vigentes, lida às escondidas nos escuros quartos das donzelas e dos idealistas que desejavam mudanças, aqui no país houve o movimento conhecido como “Primavera Poética”.

Se a história universal nos legou obras fantásticas como “Cavaleiros da Távola Redonda”, “El Cid”, “Os Lusíadas”, Dom Quixote”, e outras, tivemos um Monteiro Lobato, José de Alencar, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Colasanti, Emílio de Menezes, Romário Martins, Vinícius de Moraes, Raimundo Correia, Machado de Assis, Castro Alves, Ariano Suassuna, Cecília Meireles, Helena Kplody, Paulo Leminsku e outros tantos, que enriqueceram nossa Literatura.

Como dizem, os poetas são escolhidos pelo Divino, pelas forças da natureza, estão à frente de projetos fabulosos e até fantasiosos, mas nunca atrás das suas obras... fincam-se à frente como baluartes.

Escrever é como uma biblioteca que armazena os livros às centenas e milhares... o poeta exercita a memória, recolhe sentimentos, ama, perdoa, encanta, fascina, e ao final dialoga consigo mesmo.

Na poesia o conviver é sempre enaltecido, ali o poeta pode garimpar e organizar tudo que vai escrever, depois como em cascata desencadeiam-se palavras que aos borbotões inundam páginas e páginas antes em branco.

Conhecer poetas e ler suas poesias é chegar pertinho do céu, pegar cada bolha da espuma que formou as nuvens, acarinhá-la por entre os dedos, trazendo bem pertinho do rosto aquela coisinha branca e tão sensível e pueril e ao soprar o algodãozinho todo branco, uma bolha imensa expande-se, explodindo á frente em tons multicoloridos refletidos pelos raios doirados de um crepúsculo que vai desaparecendo até afundar no horizonte.

Assim é o poeta... talvez incompreendido no seu viver, ao morrer, enaltecido, lembrado como aquele que soube retratar as belezas das matas, dos riachos, das nuvens, dos mares, das cachoeiras, a graciosidade das aves, a bravura dos leões... porque afinal... ele era um deles... imbatível, mas tão suave quanto as andorinhas que partem ao entardecer |á procura dos seus ninhos!!!

 

 

 

 

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