Como uma lagoa encantada nas noites calmas de verão, só vemos o brilhar das
águas a bailarem lentamente pra lá e pra cá.
No céu, as estrelas se escondem por detrás das sonolentas nuvens alvas, e, ali,
mais parecem pequeninas lanterninhas multicoloridas.
Nos morros distantes, cristalinas cascatas soluçantes despencam no riacho à
margem da verde relva que dorme ao chão.
Neste instante divinal, a música abraça a alma e envolve o coração. Deixa nele
habitarem a ternura e o encantamento. Nada faz calar uma canção.
Ela é a voz do tudo, como ao termos um amigo verdadeiro, sensato, que ouve
conosco acordes, uma voz aveludada e nada diz, cala-se, respeita nosso silêncio.
Quando vemos sombras ao redor, não são fantasmas, mas é a existência de um Sol
que teima todos os dias em nos visitar e aquecer.
Quando no horizonte ele surge majestoso e lindo, anuncia a alvorada e tudo é
como um dançar constante rasgando o espaço pra descambar no horizonte no
entardecer.
É nesse entardecer que mais parece ouvirmos ecos doloridos de todos os sonhos
não vividos que se partiram em pequeninos pedaços e se foram ao léo.
E lá na lagoa, como que um encanto, ressurge, renasce a Lua com suas sombras por
entre as águas mansas de calmarias, como os sentimentos de cada um, a
sensibilidade, a emoção, a ternura. É um recomeçar constante e ininterrupto que
acompanham as batidas sonoras e tranqüilas, de todos os corações.
As canções
jamais cairão no abismo profundo do esquecimento, porque permanecerão no
alagadiço dos nossos sonhos, passando pela juventude e se glorificando na
maturidade, findando seu ciclo na mansa Eternidade.
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