Nos anos já vividos, jamais tive tantos momentos de
incertezas, de fraquezas, de sofrimentos, de dúvidas que martirizam e não saem
da cabeça.
Ter um animal de estimação é ir até o céu, lá viver e
conviver como os anjos, apreciar tudo que de belo existe, mas nos momentos em
que surge um mal, seja ele pequeno ou maior, aquele paraíso em que flutuávamos,
começa a esvaziar como uma simples embarcação inflada, perfurada nos arrecifes!
Como uma nau ao sabor das marés e das ondas dos oceanos,
vagamos atordoados sem saber que atitudes tomar, pois lidamos com uma vida que
não nos pertence, porém da nossa decisão, depende a continuidade dessa vida.
Ter a Laika depois de tantos e tantos animaizinhos de
estimação, foi um presente, mas ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade,
visto seu passado de sofrimentos, face atropelamento que quase ceifou sua vida.
Estar com ela a cada minuto é um aprendizado que, nem o mais
graduado ser do universo nos poderia repassar!
Aquele corpinho coberto de pelos branco- acinzentados,
aqueles olhos castanhos de uma meiguice impar, aquele gesto de parecer sorrir ao
correr até nós, é in descritível repassar em palavras.
Como meu Deus desse Infinito tão imenso, poderemos superar a
dor de pensar que um dia, aqueles olhos tão expressivos, jamais nos fitariam com
tamanha candura se errássemos?
O que pensar se não mais poder-se-ia ver aquelas patinhas
peludas brancas, percorrerem a grama atrás dos sabiás e pombinhas que,
diariamente, esperam o alimento por nós colocado a cada amanhecer, pois é ela, a
peludinha, que nos retira da cama, para deles tratar!
Sim, é ela que sabe o horário matinal da passarada já aos
primeiros raios de sol, que nos beirais dos abrigos de passarinhos, ou nos fios
de luz ao redor, esperam a guloseima que vamos lhes dar!
E, com todo o pensar e repensar, com toda dor em ver que
sofrimentos existirão em virtude do mal acometido, há sempre a esperança, a fé,
o desejo, de finalmente constatar que, mesmo sem um membro, mesmo na mutilação
nada desejada, eles nos ensinam o que é saber aceitar males, e mais ainda, nos
dão lições da grandiosidade de não lamuriar, não chorar, virtudes que os fazem
superam a dor.
Quer enfiando o focinho por entre as patinhas, ou, nos
acompanhando com os meigos olhos castanhos, ela como que agradecendo o pegar no
colo e a levar até a grama, agora, com outra finalidade de não mais ter ciúmes
da passarada, pois sabe que deles é o ar, o espaço acima das nossas cabeças e o
dela, é aqui ao lado meu!!!
Laika... tão guerreira no nome quanto o é em vida...
Laika, a primeira criatura lançada ao espaço sideral...
Laika, como a bailarina russa que sobrevoa no mágico
compasso do Noturno de Chopin, renasça para a sua vida e a minha... vem Laikinha
querida... meu grande querer bem!
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