No espaldar da cadeira
entalhada e com palhinhas
um velho e solitário paletó
despretensiosamente... descansa!
Naquele pedaço de tecido
com fibras de gabardine inglesa
quantas histórias... quantas glórias!
Percorria salões iluminados
dos palácios governamentais
e palacetes dos barões
Aquele simples paletó esquecido
no espaldar de uma cadeira
roçou em sedas e brocados
e alvas peles das donzelas!
Perfumado por sublimes lavandas
moças de faces rosadas
usando vestidos armados
enfeitados de cetim
o acariciaram!
Que dizer de todos os anseios
de todos os desejos
nunca revelados ?
No deslumbramento das promessas...
não cumpridas
como um pálio acalentou sonhos
e tantas... fantasias!
Quem... usando o
paletó de gabardine
encantou olhares tímidos
de esmeraldas e águas marinhas?
Quem... nas doçuras e encantamentos
desfilou pelos salões iluminados
e por alamedas de gerânios
num refinado paletó?
Hoje... na sublime ventura
de ouvir poesias... e músicas celestiais
um simples paletó esquecido
no espaldar de uma cadeira
descansa...
inerte
triste
esquecido!
Fale com a autora:
lyzcorrea@hotmail.com
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