Na minha
casa, há
algumas
árvores
frutíferas
muito
interessantes.
Uns pés
de
laranjeiras
dão
frutos o
ano
todo.
Uma
delas é
laranja
comum e
duas,
uma
fusão de
laranja
com
mimosa,
ou
bergamota,
como
queiram.
Ambas
são
deliciosas
com a
cor
forte de
um
laranja
quase
tijolo.
Justamente
na única
que
ainda
tem
alguns
frutos
maduros,
é onde
um casal
de
bem-te-vis,
resolveu
construir
seu
ninho,
apoiado
no
fruto.
É a
coisinha
mais
linda
vermos a
dedicação
deles
para com
a sua
obra.
Sou
realmente
vidrada
em
ninhos.
Cada um
que
recebo
de
presente,
fico
imaginando
que
habilidade
teem com
os bicos
e pés,
na
amarração
de
linhas e
até
pelos de
animais
e penas
de aves.
Como
sabem
administrar
tudo
para a
sustentação
do ninho
e
passarem
pelas
intempéries
do
tempo,
já que
nosso
tempo a
cada ano
fica
complicado.
Essas
criaturinhas
incrivelmente
sábias,
constroem
seus
abrigos,
seus
ninhos,
os
protegendo
habilmente.
Pois
acreditem,
o casal
que
apoderou-se
da minha
laranjeira,
faz como
os sem
terra e
sem teto.
Tomaram
para si
uma
bifurcação
entre
uns
galhos
da
laranjeira
e é só
aparecermos
na
calçada
que leva
à
lavanderia,
ficam
agredindo
de cima
de um
galho
bem alto
do
araçazeiro
e se
insistimos
em
passar,
lançam-se
como
feras
sobre
nossas
cabeças!
Ataque da guardiâ
Que o
diga o
susto da
minha
levada
cadelinha
Laika
que
volta
rápido
para a
garagem
e nem
tenta
agarrar
uma
delas,
porque é
um doce
de
animalzinho.
Outro
dia, um
cão
perdido
que
abriguei
por
algumas
horas,
várias
vezes
tentou
pegá-las
sem
êxito,
porque
os
defendi.
Para
proteger
suas
crias,
eles não
pensam
no
perigo
que
correm.
Quero
entender
como uma
coisinha
tão
pequenina
pode
transformar-se
numa
poderosa
defensora
da sua
espécie,
de forma
tão
aguerrida.
Quero
compreender
como os
pássaros
recebem
ensinamentos
que
repassam
para
sempre a
todas as
gerações
dos seus
pares.
Poder
olhar
mesmo
que de
longe o
cuidado
que teem
com os
ninhos
construídos
sábia e
harmoniosamente
por
entre os
galhos
do
arvoredo
é
maravilhoso.
São mais
que
soldados
indo
para uma
guerra,
onde
geralmente
são
perdedores,
pois
lutam
contra
aqueles
que
possuem
armas
mais
poderosas.
Essas
armas
geralmente
são o
mau
caráter
e o
coração
de pedra
dos
homens.
Bem-te-vi no topo da laranjeira
Pretendem
apenas a
continuidade
da
espécie
que a
natureza
espera e
quer.
Como não
ficar
com
lágrimas
nos
olhos ao
ver
essas
criaturinhas
tão
suaves,
transformarem-se
tão
rapidamente,
quando
percebem
perigos
aos
ovinhos
ou
filhotes
que
serenamente
estão
nos
ninhos.
Como não
ficar
com
lágrimas
nos
olhos ao
comparar
essas
pequeninas
criaturinhas
com
aqueles
humanos
que
descartam
seus
filhos,
viram as
costas e
jamais
regressam
para
olharem
aquelas
mãozinhas
que
jamais
acariciaram.
Quero
entender
porque a
vida
varre
das
almas
muitas
esperanças,
muitos
sonhos e
venturas,
e também
porque
fico no
quintal
a ver as
duas
avezinhas
mesmo
atacando
quando
eu e a
Laika
nos
aproximamos
da
laranjeira,
carregada
de
pequeninos
frutos
verdes e
um ninho
apenas!
Quero
entender
como
juntos
unem-se
e atacam
um de
cada vez,
nos
fitando
do alto
da
laranjeira
como a
dizer: —
Não vem...
fica aí
em seu
canto,
como
eles
sabem
que os
homens
são
maldosos,
desumanos?
Quero
entender
os sons
que
emitem
pois não
são
aqueles
acordes
sonoros
que
conhecemos,
do seu
cantar.
Seria
mais um
aviso?
Já nos
primeiros
arbores
do
amanhecer,
lá estão
sobrevoando
os
galhos
do
araçazeiro
e da
laranjeira,
onde
orquídeas
agarram-se
enfeitando
com
flores
os
troncos
e
galhos.
O dia
inteiro
desencadeia-se
um
ritual
naquele
bailar
das
aves, o
bater
das asas
contra o
vento, o
sofrer
com o
Sol que
castiga
quando
no
ninho, o
que
dizer do
alimento
seguro
no bico
para
alimentar
o
filhote.
Laika no banho de sol atenta nos bem-te-vis
Onde
podemos
buscar e
depois
oferecer
os
nossos
mais
puros
sentimentos,
dar
proteção
e depois
procurar
entender
que
possivelmente
escolhem
nosso
pomar,
para que
ali
possam
ter
segurança.
Vejam
como
contrastam
lindamente
com o
colorido
da
plumagem
tendo ao
fundo um
firmamento
todo
azul
Quero
entender
como no
anoitecer
já
descorado
pela luz
de uma
Lua
prateada,
vêem
repousar,
para
mais uma
vez, no
outro
dia,
retornarem
tão
conscientemente
do seu
papel.
Não
podemos
dizer
que são
desprovidos
de
cérebro,
são
prodígios,
são as
verdadeiras
maravilhas
de seres
viventes,
teem a
essência
do
fazer,
do
progredir
num
mundo
onde
usam
mecanismos
que
conservam
a vida
sem
provetas
e
inseminações.
Mistérios...
naquele
recorte
de
silhueta
desenhado
no
espaço
quando
sobrevoam
inquietadores,
eles
certamente
emolduram
a
natureza.
Na tela
majestosa
do meu
quintal,
quero
continuar
a não
entender
o enigma
que
perdura
na vida
dos
passarinhos,
mas
quero
vê-los
tomando
caminhos
desconhecidos
para
mim,
porém
surpreendentes
. Isso
tudo
seria
como um
eterno...
Renascer!
O ninho
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