A vida na Serrinha continuava igual... nada
mudava... as corujas continuavam visitando a torre da igrejinha... e no coreto
da praça... aconteciam alguns namoros!
Haviam muitos preconceitos quanto ao namoro... o
pegar na mão era o máximo tolerado!
Antigamente era assim a vida nas famílias, herdaram estas culturas da Europa.
Se uma moça engravidava era tratada como pessoa
sem moral. Separada dos irmãos, das amigas, escondida geralmente num cômodo da
casa, o sótão, até o bebê nascer. Essa atitude via-se principalmente com o pai
tradicionalista, ou seja, o patriarca da família sempre disposto a ser guardião
da moral e dos bons costumes.
No entanto, a grande maioria tinha suas
concubinas que viviam escondidas da sociedade, morando em residências cedidas
por eles enquanto lhes servissem ou aprouvessem para os encontros sentimentais,
ou melhor, sexuais. Resguardadas da curiosidade alheia eram agraciadas com jóias
e roupas finas.
Estes senhores eram vistos como de vida exemplar,
íntegros e se suas escapadinhas eram do conhecimento de alguém, dizia-se: ─
Coisa de “Macho“, “SACODE AS CALÇAS, CAI”!
O homem tudo podia, suas mulheres filhas e
esposa, eram intocáveis, vivendo para o lar.
O comum e tão temido pelos jovens causadores da
“desgraça” familiar, era enfrentar o pai da moça que, geralmente ameaçando com
um trabuco, exigia reparação do mal! Se uma criança pudesse ser considerada “UM
MAL!”
Era a honra aviltada e a rebeldia da filha,
passava a ser vista como de alguém, “sem vergonha” que deveria ser afastada da
família pelo mau exemplo que daria aos outros mais novos.
Nessa situação difícil, sempre sobravam críticas
mãe acusada de haver negligenciado na educação da filha. E, por todo
envolvimento da mulher-mãe com a mulher-filha, tornavam-nas cúmplices na dor e
no sofrimento. Quando isso não ocorria e a mãe também repudiava a atitude da
moça, a única solução que encontravam, era a saída do lar!
Quantas quase meninas, tiveram de enfrentar um
mundo hostil, sem dinheiro, afeto, compaixão, carinho. Conseguir sobreviver nele
vencendo todas as barreiras pertinentes à situação, ou seja, com uma criança no
ventre, geralmente chamado de bastardo!
Algumas ligavam-se a um protetor que passava a
explorá-las. Mas, se tivessem a sorte de encontrar uma família que necessitasse
dos serviços para a casa e cuidar dos filhos ou de idosos, passavam a ter um
teto. Sua criança muitas vezes era dada em adoção ou criada pela família
passando ao crescer a desempenhar atividades domésticas em troco de casa e
comida.
Sem direitos, sem um pai, registro ou identidade,
eram ao crescer geralmente assedias pelos filhos dos patrões.
A grande maioria problemáticas emocionalmente,
conviviam com suas revoltas e remorsos.
Se aceitas por um homem, tornavam-se extremamente
agradecidas e ótimas companheiras.
Trazendo resquícios do cenário da sociedade
brasileira nos finais do penúltimo século, as pequenas cidades ou povoados,
mostravam essa família patriarcal com fortes traços de severidade, austeridade,
vaidades e obediência.
Era a herança de um país comandado pelos
proprietários de terras que detinham o poder, possuíam prestígio, decidiam a
vida tanto do seu clã como daqueles que perto deles viviam.
Naquele teatro com espectadores submissos, o ator
principal era o senhor, o paizão, dono e senhor até dos pensamentos que apoiado
por leis outorgantes, davam-lhes poderes sobre familiares e demais dependentes.
Podemos dizer que, essas leis eram baseadas na
filosofia realista européia da época, exemplo da França, com traços da
severidade da alemã.
Passados alguns anos, profundas transformações da
sociedade levaram a modificações naquele ambiente que, valorizando a figura
masculina, deixava a mulher numa condição inferior. Passando a minar, reagir e
superar barreiras inerentes aos entraves impostos por anos e anos, séculos até,
aquela mesma mulher passa a ser aceita na sociedade que as relegou por tradição
e costumes.
O espaço dos homens modifica-se porque antes todo
poderosos e senhores dos destinos, sentem-se ameaçados pelas idéias inovadoras
de algumas mulheres que rompem com os padrões estabelecidos, iniciando a chamada
“guerra do soutien”.
A partir desse marco histórico, o mundo passa a
vislumbrar novos horizontes para as sociedades, com um foco principal... a
valorização do ser humano, independentemente da sua situação financeira e sexo.
Poderemos afirmar que essa metamorfose tal qual
um casulo rompido, leva à liberdade. Liberdade essa associada a filosofias e
conceitos realistas, indicando que algo muito importante está ocorrendo... a
valorização do... SER e não o... TER!
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